Petit Verdot – A robusta francesa

Petit Verdot

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Petit Verdot significa “Pequeno verde” numa tradução literal. Nesse caso, faz sentido, já que a casta francesa tem frutos bem pequenos e redondinhos. No entanto, não se deixe enganar pela sua aparente delicadeza. Porque essa é uma baixinha invocada e de difícil cultivo.

Aliás, é bem conhecida como a robusta francesa. Ou seja, desenvolvida, forte, corpulenta e vigorosa. Parece incoerente, certo? Pois, ela é mesmo bem complexa e cheia de detalhes.

Por exemplo, se essa é uma uva tinta, por que é chamada de verde? Além disso, por que é difícil encontrar um vinho produzido com alta porcentagem de Petit Verdot ou até um varietal? Parar entender o que é um vinho varietal, clique aqui. Se você já sabe, siga em frente.

Para responder a essas e outras perguntas, o Center Gourmet vai à França e te convida para vir junto. Nesse passeio, vamos entender como a casta se comporta desde o processo de vitivinicultura até ser harmonizada com os pratos da sua refeição.

Origem e história da Petit Verdot

Petit Verdot

Os frutos verdes em meio aos maduros deram nome à Petit Verdot.

Honestamente, não é possível dar certeza da origem dessa variedade de uva. Acontece que a Petit Verdot é intimamente ligada à região francesa de Bordeaux. De fato, ela foi introduzida pelos romanos na região, mas não é nativa de lá e não se tem registro de onde seria seu local de origem.

Aliás, Bordeaux não seria o melhor local para o cultivo da casta, em teoria. Isso porque, a Petit Verdot possui um ciclo de maturação tardio. O que isso quer dizer?

Quer dizer que os frutos dependem de muita luz solar, altas temperaturas e baixa umidade para chegarem ao ápice da maturação e demoram bastante para alcançar o momento certo de colheita. Além disso, nem todos os frutos alcançam esse estágio simultaneamente. De fato, essa característica explica um detalhe curioso sobre a casta.

Por que “verde” se ela é tinta?

Acontece que, como vimos, essa variedade de uva tende a amadurecer de forma peculiar. Sendo assim, no mesmo cacho, os produtores encontravam frutos em diferentes estágios de maturação.

Então, entre os frutos escuros, sempre apareciam os pequenos verdes, ou petit verdot em francês. Agora, podemos voltar um pouco na história e entender como essa casta quase foi extinta da face da Terra.

Dias difíceis

Muito tempo atrás, a Petit Verdot era figurinha carimbada em todos os vinhos de corte da região de Bordeaux. No entanto, foi no século XVIII que ela passou por sua maior prova de resistência: o surto devastador de filoxera.

Com o tempo, os produtores precisavam desesperadamente produzir grandes volumes de vinho para voltarem logo ao mercado e terem lucro na produção. Para isso, deram preferência para uvas que produziam bem, de fácil cultivo e que rendessem bastante em volume.

Pois então, a Petit Verdot não era nada disso. Pelo contrário, difícil de ser cultivada e necessitando de muito tempo e atenção para amadurecer corretamente, ela foi praticamente esquecida pelos produtores franceses.

A volta da Petit Verdot

Felizmente, quase 50 anos atrás, produtores do Novo Mundo decidiram investir no cultivo da variedade na Califórnia. A partir de então, outros produtores tomaram coragem para dar uma chance para a Petit Verdot.

Como resultado, a uva gostou do terroir de vários outros países, como Argentina, Chile, Austrália e Espanha. Assim, voltou a ter destaque no cenário mundial.

Características dos vinhos Petit Verdot

Petit Verdot

Lá no começo, vimos que essa variedade de uva pede bastante sol, calor e clima seco para atingir o máximo de sua maturação antes de ser colhida. Justamente por isso, os vinhos produzidos a partir dela, não são fraquinhos.

Pelo contrário, as uvas absorvem e conferem à bebida muitos aromas e sabores. Além disso, frutos bem maduros dão origem a vinhos bem alcoólicos. Sem falar na casca da Petit Verdot, que é grossa e resulta em vinhos bastante tânicos.

Além disso, os vinhos Petit Verdot apresentam uma coloração escura e intensa. Na boca, os aromas são de frutas escuras, em ponto de geleia. Após deixar o vinho respirar, outros aromas poderão ser sentidos, como especiarias e até azeitonas.

Mas, também é muito comum que ela apresente alguma nota de banana. Isso é muito fácil de acontecer quando a variedade é responsável pela maior parte do vinho. Até aqui, deu para entender os motivos que dão o adjetivo de “robusta” para essa pequena verde.

Paralelamente, é possível compreender que para que o vinho apresente equilíbrio nos aromas, sabores, acidez e taninos, o enólogo talvez decida por adicionar outras variedades, produzindo um excelente vinho de corte. Afinal, a uva invocada, precisa ser muito bem trabalhada em vinho varietal.

Mas, isso também não é impossível. É raro, mas você encontra vinhos 100% Petit Verdot no mercado, como esse belo exemplar de 2014. Por isso, saiba que ele é um vinho potente e que entrega tudo o que promete: acidez, taninos e um alto teor alcoólico.

Por isso, seus vinhos também têm bom potencial de guarda, atingindo seu ápice em cerca de 05 anos após seu lançamento no mercado.

 Outros países produtores

Sendo uma casta exigente, a Petit Verdot tem preferência por certos tipos de terroir, especialmente locais quentes. De modo que ela se deu muito bem nos Estados Unidos, especificamente na Califórnia, na região sul da Itália e África do Sul. Como resultado, as uvas amadurecem lindamente e entregam todas as melhores características da casta nos vinhos lá produzidos.

De fato, é preciso dar o devido crédito aos enólogos, responsáveis por manipular com tanta destreza essa uva temperamental. Ao fazer um bom trabalho, o vinho destaca a uva e suas qualidades, mesmo quando existe o corte, ou a mistura das uvas para melhor desempenho.

Há pouquíssimo tempo, o Brasil passou a cultivar a uva na região sul, próxima ao Uruguai. No entanto, a produção ainda é bem artesanal e limitada. Mas, já é um belo começo.

Como harmonizar um vinho Petit Verdot

Petit Verdot

Preparos bem temperados e com uma boa quantidade de gordura, encaixam bem em um Petit Verdot.

Como costumamos dizer, um vinho com tantos taninos, tanta acidez e com alto teor alcoólico pede, implora por untuosidade. Ou seja, a maravilhosa gordura no prato. Sendo assim, lembre-se que mesmo que o seu prato pareça pesado, o vinho irá limpar o paladar. De fato, a acidez vai equilibrar perfeitamente com pratos mais azeitados.

Sendo assim, a primeira ideia que vem à mente, é sempre um bom corte de carne vermelha como vitela ou uma bela picanha grelhada no ponto certo e mantendo sua gordura original. Mas, não tem problema se for um corte suíno, como um pernil, regado a um molho com chocolate amargo.

Por outro lado, você pode querer acompanhar seu vinho com uma massa incrível. Então, escolha uma lasanha com muito, mas muito queijo. Pode confiar, o vinho vai dar o equilíbrio perfeito para o seu preparo.

Carne de cordeiro também é uma boa ideia e vai te proporcionar a mesma experiência. Entretanto, cuidado para não errar a mão no sal. Afinal, o vinho já é muito intenso. Sendo assim, a carne deve ter tempero suficiente para destacar os sabores e não para roubar a cena e brigar por atenção no seu paladar.

Paralelamente, evite condimentar com pimenta os seus preparos. Acontece que o sabor picante vai ser elevado pelo teor alcoólico da bebida e o resultado não é nada agradável na boca.

Na verdade, até aqueles hambúrgueres bem-feitos, podem fazer frente a um Petit Verdot. Especialmente, se levarem bacon em sua preparação, na medida certa para não salgar e com um belo molho para acompanhar.

Também podemos indicar comida mexicana, como adobo ou guacamole. Lembrando que toda gordura, seja das proteínas, seja do abacate, vai ser muito bem-vinda.

Como harmonizar com pratos vegetarianos

Petit Verdot

Uma opção vegetariana para um Petit Verdot, é um purê de moranga bem encorpado e com bastante queijo.

Não come carne? Sem problemas! Um vinho Petit Verdot também vai ficar perfeito com um bom queijo Gouda ou um Grana Padano Pecorino. Ou uma lasanha quatro queijos. Mas, você também tentar um nhoque de abóbora moranga com bastante queijo.

Aliás, um prato que não leva carne, mas leva toda a untuosidade que o vinho pede é o risoto de parmesão. Sem dúvida, toda a acidez que a bebida oferece, faz o contraponto que o prato precisa, dando a experiência completa no paladar.

Além disso, você também pode optar por cogumelos como Shitake ou outros ingrediente de sabores intensos. Intensos, não salgados.

Afinal, o sabor intenso da uva vai super bem com trufas e até com feijão preto ou pratos que levam berinjela e nozes.

Conclusão

Hoje você viu aqui, no Center Gourmet, como a Petit Verdot é uma uva de contrastes. Ela engana pelo tamanho e aparente delicadeza quando, na verdade, traz aromas e sabores fortes para os vinhos que produz.

Também viu sobre como o terroir quente e seco interfere diretamente na maturação das uvas e nas complexas características que ela apresenta.

Por isso, na hora de harmonizar um vinho Petit Verdot, lembre-se que é preciso trazer um prato que tenha bastante proteína e gordura, para equilibrar com toda acidez, taninos e teor alcoólico da bebida.

Gostou de saber mais sobre essa incrível casta? Compartilhe com os amigos! Aprenda mais sobre uvas e vinhos em nosso blog e aproveite para conhecer nossos rótulos.

E confira abaixo ofertas em destaque com vinhos que possuem em sua composição a Petit Verdot:

 

O tinto varietal francês

Depuis 1935 Petit Verdot Bordeaux AOC:

Poderoso e bem estruturado; Produtor: Terre de Vignerons; Teor alcoólico: 13%; Uva: Petit Verdot (vinho varietal); Nariz: Aromas de frutas vermelhas, como cerejas e ameixas; Harmonização: Carnes vermelhas, vitela, carnes de caça, queijos

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O tinto blend espanhol

Niche de Torre Oria Valencia 2015:

Estruturado, com nuances aveludadas e frutadas; Produtor: Torre Oria; Teor alcoólico: 13%; Uvas: Petit Verdot e Merlot (vinho blend); Nariz: Expressivo, com notas de frutas silvestres e toques defumados; Harmonização: Carnes vermelhas, queijos, pizzas e massas de molho vermelho

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O tinto blend argentino

Oveja Black Gran Reserva Blend 2018:

Estruturado, elegante e intenso, com taninos marcantes, e notas de ameixa, cereja e pimenta; Produtor: Agrovit Rural; Teor alcoólico: 14%; Uvas: Malbec, Bonarda, Cabernet Franc e Petit Verdot (vinho blend); Nariz: Aromas intensos de chocolate e caramelo; Harmonização: Carnes vermelhas grelhadas e assadas, queijos maduros

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O tinto blend francês

Fleur de Pédesclaux Pauillac AOC 2018:

Taninos equilibrados e acidez média, com notas levemente picantes e final longo; Produtor: Castel; Teor alcoólico: 14,5%; Uvas: Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot (vinho blend); Nariz: Aromas de morango, framboesa e notas de baunilha, cacau e alcaçuz; Harmonização: Costela assada, queijo Provolone defumado

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O tinto blend chileno

La Playa Terroir Selection Valle de Colchagua Carménère 2019:

Corpo médio, acidez equilibrada, taninos estruturados e final longo; Produtor: La Playa Wines; Teor alcoólico: 13,5%; Uvas: Carménère e Petit Verdot (vinho blend); Nariz: Aromas frutas vermelhas como ameixas, morangos, amoras, especiarias e notas sutis de tostado; Harmonização: Maminha grelhada com molho chimichurri, pizza de calabresa e almôndegas de lentilha

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O tinto blend argentino

Nieto Senetiner Blend Collection Malbec – Cabernet Franc – Verdot 2020:

Corpo médio, taninos macios e final persistente; Produtor: Nieto Senetiner; Teor alcoólico: 14,5%; Uvas: Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot (vinho blend); Nariz: Aromas de frutas vermelhas e pretas, ervas e especiarias; Harmonização: Carnes vermelhas assadas, massas recheadas, risotos, queijos amarelos

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O tinto blend francês

Alter Ego Château Palmer Margaux AOC 2017:

Corpo médio, toques expressivos de frutas, taninos firmes, e final longo e vivaz; Produtor: Eleanor; Teor alcoólico: 13%; Uvas: Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot (vinho blend); Nariz: Notas intensas de frutas pretas, como cerejas, groselhas e framboesas, com toques de pimenta, mentol e cardamomo; Harmonização: Risoto de Parmesão, lombo de avestruz ao molho rôti, costeleta de porco com geleia de pimenta

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O tinto blend francês

Tour de Pez 2014:

Rico, elegante e com taninos aveludados; Produtor: Eleanor; Teor alcoólico: 13%; Uvas: Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot (vinho blend); Nariz: Frutas vermelhas maduras; Harmonização: Filé mignon ao molho madeira

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O tinto blend italiano

Villa Antinori Rosso Toscana IGT 2018:

Encorpado e macio com taninos redondos, boa acidez e intensidade de fruta; Produtor: Villa Antinori; Teor alcoólico: 14%; Uvas: Sangiovese, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Merlot e Syrah (vinho blend); Nariz: Mirtilo, groselha, ameixa e toques de amêndoas tostada e baunilha; Harmonização: Lasanha, lombo suíno, codorna com cogumelos

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O tinto blend argentino

Partridge Selección de Barricas Blend 2018:

Corpo de médio para encorpado, boa acidez, taninos macios, boa persistência; Produtor: Viña Las Perdices; Teor alcoólico: 14%; Uvas: Malbec, Petit Verdot e Ancellotta (vinho varietal); Nariz: Frutas vermelhas, especiarias, violeta, ameixa seca, tabaco, chocolate, baunilha; Harmonização: Ossobuco ao vinho tinto, risoto de linguiça defumada e tomate cereja, bife de chorizo e batatas dauphine, moussaka vegetariana, rigatoni com ragu alla napoletana, queijos duros e semiduros

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O tinto blend chileno

Root: 1 Reserva D.O. Valle del Maipo Heritage Red 2019:

Médio corpo, taninos macios, acidez agradável; Produtor: Viña Ventisquero; Teor alcoólico: 13%; Uvas: Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Syrah e Carménère (vinho blend); Nariz: Frutas vermelhas, frutas negras, especiarias; Harmonização: Maminha assada ao forno, fusilli com ragu de costela, carne de sol grelhada com mandioca na manteiga de garrafa, lasanha de berinjela, pizza de calabresa, queijos semiduros

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