O vinho Marsala é diferente de qualquer outro vinho. Para começar, sua produção possui um processo diferente que foi desenvolvido no século XVIII. Apesar de sua história no mercado de vinhos ter sofrido altos e baixos, podemos dizer que ela teve um final feliz.
Mas, onde surgiu o vinho Marsala? Que variedades de uvas são usadas em sua produção? Afinal, existe mais de um tipo de vinho Marsala? São muitas as perguntas e o Center Gourmet gosta de dar as respostas! Então, vamos conhecer os detalhes de sua história e características.
História do vinho Marsala
Conta a história, que no final dos anos 1700, a embarcação de um jovem e rico comerciante inglês fez uma parada forçada em um porto da região oeste da Itália. No entanto, mal sabia ele que aquele breve percalço mudaria sua vida e seus negócios.
Foi ali, que John Woodhouse conheceu o vinho que levava o nome da cidade, Marsala. De fato, já era um produto de excelente qualidade e que fazia parte do cotidiano dos locais.
Sendo assim, decidido a levar o vinho para seu país de origem, enfrentava um desafio comum da época: manter a conservação do produto durante os meses de viagem até o destino.
Para isso, o jovem empreendedor decidiu usar um conhecido conservante e antisséptico, o álcool. Não se sabe que tipo de bebida ele usou exatamente. Afinal, pode ter sido whisky, conhaque ou qualquer outra bebida destilada.
O que se sabe é que fez um sucesso incrível. De fato, a escassez de bons vinhos portugueses e espanhóis nos anos seguintes, impulsionaram a procura pelo vinho que caiu no gosto dos britânicos, o vinho Marsala.
A queda e o retorno
Com o passar do tempo, toda essa fama perdeu força. Infelizmente, produtos de baixa qualidade acabaram manchando o nome da bebida mundo afora. Na verdade, a falta de regulamentação e de normas rígidas de produção, deram espaço para produtores que adicionavam bebidas de péssima qualidade ao vinho. Assim, o produto nem longe, lembrava a bebida tão aclamada de outrora.
Mais tarde, já na década de 60, produtores empenhados em recuperar o nome do Vinho Marsala, conseguiram que fosse estabelecida a Marsala D.O.C.
A partir de então, todo o processo de produção passou a seguir regras específicas. Consequentemente, elevou a qualidade dos vinhos da região, trazendo de volta a confiança dos consumidores.
Mas, como é feito esse vinho tão especial?
Como é produzido o Vinho Marsala
Inicialmente, o processo é o mesmo: esmagamento das uvas e fermentação do mosto. Porém, o vinho Marsala é conhecido como vinho fortificado. Nesse caso, ele recebe uma parcela de alguma bebida destilada, como o conhaque.
Além disso, apesar de existir uma regulamentação sobre as castas permitidas, ele pode ser produzido a partir de uvas brancas ou escuras. Como resultado, dentro do Vinho Marsala, é possível encontrar uma ampla variedade de classificações.
Os vinhos podem ser classificados com relação à cor, níveis de açúcar e tempo de envelhecimento. E é sobre elas que vamos falar a seguir.
Classificações dos vinhos
Apesar de sempre associarmos marsala à cor, os vinhos Marsala podem ser de cores e tons bem diferentes.
Com relação à cor:
- Marsala Rubi – De acordo com as normas da D.O.C., devem ser utilizadas uvas escuras como Pignatello, Nerello Mascalese ou Nero d’Ávola. Porém, podem ser adicionadas uvas brancas em quantidade máxima de 30%.
- Vinho Marsala Âmbar – Produzido a partir de castas brancas, como Inzolia, Cataratto ou Grillo, ainda recebe mosto cozido, concentrado que lhe dá essa coloração diferenciada.
- Marsala Oro – Vinho resultante da fermentação das uvas brancas sem a adição do mosto cozido.
Com relação ao nível de açúcar:
- Seco – quando o vinho apresenta até 40g/L de açúcar residual;
- Semi-seco – nesse caso, a quantidade pode variar entre 41 e 100g/L;
- Doce – chega a ter mais de 100g/L.
Com relação ao envelhecimento do vinho:
- Fine – deve envelhecer por, no mínimo um ano. Além disso, pelo menos 08 meses precisa ser em madeira;
- Superiore – obrigatoriamente, o vinho deve ser envelhecido por 02 anos em madeira;
- Riserva – envelhecimento de pelo menos 04 anos em madeira;
- Soleras ou Vergine – a bebida deve envelhecer por cerca de 05 anos em madeira;
- Vergine ou Soleras Stravecchio e Vergine ou Soleras Riserva– deve passar pelo menos 10 anos envelhecendo em barris de madeira. São vinhos de luxo, obviamente.
Um vinho fortificado
Até aqui, já deu para perceber que o que faz do Vinho Marsala uma bebida fora dos padrões da vinicultura tradicional é a adição de álcool ao vinho base, certo?! Exatamente por isso, ele faz parte de uma categoria conhecida como “Vinhos fortificados”.
Como resultado, esses vinhos apresentam não só um excelente potencial de guarda, mas também um teor alcoólico muito acima do comum para vinhos. Na verdade, isso já é esperado, graças à bebida destilada.
Incrivelmente, o álcool ou etanol presente nos destilados faz mais do que dar um sabor acentuado ao vinho. De fato, esse antisséptico natural é o componente que interrompe a fermentação por matar a levedura responsável por essa etapa do processo de vinificação.
Sendo assim, o açúcar que seria convertido naturalmente em álcool, permanece no vinho. No entanto, o destilado já forneceu álcool suficiente para a bebida final ser forte e mais alcoólica ao mesmo tempo. Mas, tudo isso acontece sem descaracterizar o vinho.
Normalmente, o teor alcoólico dos vinhos tranquilos ficam em torno de 12% – 12,5%. Porém, o Vinho Marsala e outros vinhos fortificados apresentam entre 14% e 23% de teor alcoólico.
Mas, você talvez já tenha degustado outros vinhos fortificados por aí e nem saiba. Por isso, vamos te mostrar alguns exemplos de famosos vinhos que podem ser guardados por décadas e são considerados importantes rótulos no mundo dos vinhos.
Outros exemplos de vinhos fortificados
O vinho do Porto é um dos mais famosos vinhos fortificados.
· Xerez
O vinho Xerez é resultado de um processo de produção interessante. Nele, o vinho base é fortificado duas vezes: tanto durante a fermentação, quanto depois que ela é interrompida. Produzido a partir de uvas brancas, o Xerez tem um sabor paradoxal, seco e adocicado ao mesmo tempo no paladar.
· Madeira
Da taça ao prato, o vinho Madeira é um dos mais famosos da lista. Original de Portugal, o vinho produzido na Ilha da Madeira pode ser o vinho com maior potencial de guarda do mundo! De fato, as garrafas levam muito tempo para serem consumidas por completo.
Além disso, alguns rótulos ficam na adega do produtor por até 40 anos antes de ser lançado no mercado para comercialização, o que explica seu preço acima da média.
· Vinho do Porto
Correndo ao lado do Vinho Madeira, o Vinho do Porto é um dos que apresentam maior teor alcoólico, de 19% a 22%. De acordo com as regras da D.O.C., deve ser produzido na região de Douro, em Portugal. Obviamente, devido à adição de aguardente vínica (aguardente obtida através da destilação do vinho), é forte, mas também doce no paladar.
Um vinho para culinária e saboroso aperitivo
Filé mignon e vinho Marsala formam um par perfeito.
Na culinária, o Vinho Marsala pode ser usado em vários contextos. Afinal, vários estilos diferentes estão incluídos na D.O.C. Portanto, vinhos Marsala mais secos, vão acompanhar preparos salgados enquanto vinhos mais doces vão alegrar a hora da sobremesa.
De fato, no paladar, é bem comum encontrar os aromas de damasco, baunilha, açúcar mascavo e tamarindo nos vinhos. No entanto, também é possível sentir um aroma de fumo.
Para começar, os mais secos vão fazer uma excelente combinação com queijos. Experimente o prazer que o vinho traz ao paladar quando servido com queijos fortes como Roquefort, parmesão ou Gorgonzola.
Mas, não pense que ele fica só no queijinho. Um vinho Marsala é capaz de fazer maravilhas na sua boca quando acompanhado de um belo Frango ao molho Marsala. Ou então, use o vinho para caramelizar cebolas, que também vai dar muito certo.
Por outro lado, os rótulo com maior concentração de açúcar, podem ser muito bem acompanhadas de sobremesas. Aliás, a quantidade de álcool vai equilibrar muito bem com o doce.
Então, pode preparar uma boa mesa com panetone, um delicioso tiramissu ou até com chocolates. Mas, se é para ser sutil, vá de Zabaione, aquele creme levinho de gemas e açúcar e Vinho Marsala e muitas, muitas batidas para aerar a mistura. Não tem como errar.
Outras sugestões de preparos para harmonizar
Mas, os vinhos Marsala doces não deixam a desejar na hora da sobremesa.
Já que o vinho traz notas doces, seu envelhecimento em madeira também adiciona um sabor acastanhado às carnes vermelhas. Assim, experimente preparar um corte de filé mignon com um Marsala seco, acompanhado do mesmo vinho usado para cozinhar.
No entanto, a carne pode ser substituída por peru ou vitela. Mas, para vegetarianos, também funciona muito bem com cogumelos.
Por ter bastante açúcar residual, os Marsalas doces também podem ser usados em preparos de molhos. Como resultado, você terá um molho forte e encorpado, quase viscoso que vai encaixar bem e dar mais sabor às carnes de frango e cortes suínos, como o lombo.
Conclusão
Para resumir, te mostramos aqui como o Vinho Marsala é capaz de surpreender no paladar. Então, agora que você conhece a história e os métodos usados para produzir esse vinho incrível, escolha já o seu rótulo entre os tintos e brancos maravilhosos que colocamos à sua disposição. E conte nos comentários como foi a sua experiência com um delicioso vinho fortificado.
Veja os vinhos Marsala em destaque abaixo:
⇒ O exemplar Marsala Rubi doce Superiore
Uncle Joseph Marsala Superiore Rubino Dolce Doc 2015:
Doce, com toques evidentes de frutas vermelhas, cerejas e romãs; Produtor: Cantine Pellegrino; Teor alcoólico: 18%; Uva: Nero d’Avola (vinho varietal); Nariz: Frutado com notas de cerejas, romãs e ameixas; Harmonização: Chocolate amargo, brie com geleia de frutas vermelhas, pão com geleia de amora, queijos fortes
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⇒ O exemplar Marsala Âmbar semi-seco Superiore
Marsala Superiore Som Secco:
Redondo, ligeiramente seco, com leves notas de avelã e mandarim; Produtor: Cantine Pellegrino; Teor alcoólico: 18%; Uvas: Grillo, Catarrato e Inzolia (vinho blend); Nariz: Notas cítricas de tangerina e casca de laranja; Harmonização: Queijos, sobremesas à base de frutas secas
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⇒ O exemplar Marsala Âmbar semi-seco Superiore
Marsala Superiore Ambra Secco:
Intenso, saboroso e mais seco do que a média de um Marsala; Produtor: Lombardo Marsala; Teor alcoólico: 18%; Uvas: Catarratto, Grillo e Inzolia (vinho blend); Nariz: Aromas de frutas cítricas e secas e notas balsâmicas e de mel; Harmonização: Embutidos, queijos azuis, sobremesas a base de frutas secas
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⇒ O exemplar Marsala Rubi doce Fine
Cantine Pellegrino D.O.C. Marsala Fine Rubino Dolce:
Paladar doce, frutado e intenso; Produtor: Cantine Pellegrino; Teor alcoólico: 18%; Uva: Nero d’Avola (vinho varietal); Nariz: Frutas escuras, cereja, romã e ameixa; Harmonização: Chocolate amargo com pelo menos 70% de cacau, Petit gâteau, bolo de reis, brownie, queijos azuis
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⇒ O exemplar Marsala Âmbar semi-seco Riserva
Old John Marsala Superiore Riserva Ambra Semisecco Doc 1998:
Encorpado, álcool presente, notas de damasco e frutas cristalizadas; Produtor: Cantine Pellegrino; Teor alcoólico: 18%; Uvas: Inzolia, Catarratto e Grillo (vinho blend); Nariz: Notas de damasco, delicados aromas de tomilho e pimenta preta; Harmonização: Queijos como parmesão, ricota, gorgonzola, sobremesas como cheesecake, tiramisù
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⇒ O exemplar Marsala Âmbar seco Soleras/Vegine
Marsala Vergine Soleras Dop:
Seco, maduro e harmonioso; Produtor: Cantine Pellegrino; Teor alcoólico: 19%; Uvas: Grillo e Catarratto (vinho blend); Nariz: Frutas secas, madeira, mel, especiarias; Harmonização: Frutas secas, nozes, cheesecake e queijos fortes
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⇒ O exemplar Marsala Oro doce Riserva
Bip Benjamin Marsala Superiore Riserva Oro Dolce Doc 2013:
Doce e persistente, com notas evidentes de damascos e peras cozidas; Produtor: Cantine Pellegrino; Teor alcoólico: 18%; Uvas: Catarratto, Inzolia e Grillo (vinho blend); Nariz: Notas de melão e mel; Harmonização: Doces com ricota, pastelaria, queijos picantes e envelhecidos
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