O vinho Montepulciano d’Abruzzo é digno de atenção, sendo um vinho bem antigo e que provem de uma região de montanhas. Atualmente, é um dos vinhos mais conhecidos da Itália. Logo, é sobre ele que vamos falar hoje. Sua história, a região de origem e como harmonizá-lo de forma a aproveitar o melhor desse vinho especial.
Porém, é preciso dizer que os vinhos, sobre os quais vamos falar, são produzidos na região de Abruzzo, próximo a Roma. Não podemos confundi-los com os vinhos produzidos em Montepulciano, cidade distante cerca de 200km de lá, na Toscana. Entretanto, apesar da diferença geográfica, ambas regiões são famosas pelos excelentes vinhos. Sendo assim, vamos à história do vinho produzido em Abruzzo com a uva Montepulciano.
História da uva Montepulciano d’Abruzzo
As versões sobre o início do cultivo da uva Montepulciano na região de Abruzzo são variadas. De fato, alguns dizem que ela chegou à região pelas mãos de um viajante, no século XIX. Pois, sabe de onde ele teria trazido a cepa? Exatamente da Toscana, onde ela já era cultivada.
Entretanto, Michele Troia, historiador do século anterior a essa versão, defende que a variedade já era cultivada em Abruzzo bem antes disso, no Valle Peligna. Na verdade, o vinho Montepulciano d’Abruzzo é citado em várias obras históricas. Por fim, acabou se perdendo a origem certa da uva, o que acontece com outras variedades também.
Mas, entre esses documentos, estão registros que mostram que a uva Montepulciano já estava na região de Abruzzo desde o século dezoito e que se adaptou muito bem ao solo local. Anteriormente, ela era cultivada na Província de L’Aquila e em outros locais da região de Pescara. Por volta dos anos 50, a produção da uva se espalhou por toda Abruzzo, se tornando a variedade mais cultivada da área.
Entretanto, foi a partir de 1968 que os vinhos da região passaram a exibir o selo de DOC. Sendo assim, todo vinho Montepulciano d’Abruzzo segue a rígidos padrões de qualidade que devem ser seguidos não só durante a produção do vinho, mas começam já nas técnicas de cultivo.
Regiões de cultivo
A região de Abruzzo se localiza bem na parte central do país, onde a natureza domina soberana e influencia diretamente na qualidade incrível dos vinhos produzidos por lá. Aliás, tão saborosas quanto as uvas, são os pratos preparados na culinária local. E como bem se sabe, os vinhos e pratos de uma região se complementam no paladar. Mas, já falamos mais sobre isso em breve.
Na verdade, além do relevo montanhoso, Abruzzo ainda é parte do litoral italiano. Como resultado, o clima é diferente em cada parte da região, beneficiando o cultivo de vinhos varietais feitos a partir das uvas locais, como a Montepulciano e a Trebbiano também.
Os melhores vinhos Montepulcianos d’Abruzzo são os produzidos no distrito de Chieti, local extremamente importante na produção de vinhos italianos, no norte da região. Logo, o clima temperado apresentando temperaturas que variam entre 8° e 12°C na região de montanhas e de 12° a 16°C no litoral, é exatamente o tipo de clima que a Montepulciano tanto gosta.
Porém, a uva Montepulciano também é cultivada em outras regiões da Itália, não tão famosas: Marches, Molise e Puglia. Além disso, ela também pode ser encontrada em outros países, mas ainda em fase de adaptação, como na Austrália, nos Estados Unidos e Nova Zelândia.
Sabores da uva e do vinho Montepulciano
A casca ou pele da Montepulciano possui um pigmento forte, trazendo para o vinho uma cor escura, de um avermelhado profundo. Com o passar do tempo, à medida que ocorre a fermentação e depois o amadurecimento da bebida, essa tonalidade se torna ainda mais escura, ganhando uma cor acastanhada.
No olfato, o vinho Montepulciano d’Abruzzo apresenta aromas de flores, frutas vermelhas e especiarias. Já no paladar, é um vinho seco, com taninos bem presentes. E um detalhe interessante é que, no caso dos Montepulcianos DOC, eles são praticamente varietais. Ou seja, devem apresentar no mínimo 85% de composição exclusivamente da uva. Os outros 15% podem ser de outras cepas de uvas escuras específicas, acrescentadas de acordo com o objetivo final do enólogo. Já vamos explicar um pouco mais sobre essas porcentagens.
Fatores determinantes nos sabores
Geralmente, as uvas devem ser cultivadas em terrenos sem muita altitude, no máximo 500m acima do nível do mar. Além disso, também exigem um terroir montanhoso para desenvolver totalmente seu potencial de sabor.
Consequentemente, a variedade produz vinhos bem encorpados, trazendo sabores de frutas negras e com um bom teor alcoólico e certa acidez. Adicionalmente, pode ser que você encontre em um vinho Montepulciano d’Abruzzo aromas de tabaco e de chocolate.
Dentre as uvas permitidas no blend estão a Sangiovese ou a Syrah. Afinal, a Montepulciano produz vinhos que se adaptaram perfeitamente aos métodos atuais de produção de vinhos. Aliás, se envelhecido em barricas de carvalho, resulta em bebidas que ficam melhores com o passar do tempo.
Todavia, para chegar ao ponto certo e estar pronta para trazer personalidade ao vinho, as uvas devem amadurecer completamente, através do clima ensolarado, apesar de frio, das regiões de plantio. Dessa forma, ao misturar com os 15% de outras cepas, conseguem vinhos com nuances diferentes e também denominações de origem específicas de acordo com a composição final da bebida.
Por exemplo, um vinho Montepulciano d’Abruzzo DOC, apresenta 85% da cepa. Em seguida, vem o Montepulciano d’Abruzzo Colline Teramane DOCG, com mínimo de 90% da uva. Por fim, temos o Controguerra Rosso DOC, com mínimo de 60% da variedade. Entretanto, um Montepulciano d’Abruzzo Riserva deve, obrigatoriamente, passar por barrica durante 06 meses, no mínimo. Além disso, precisa fermentar por 03 anos, antes de ir para o mercado.
Harmonias entre os Montepulcianos e os pratos
Como dissemos antes, alimentos cultivados e preparados no mesmo local dos vinhos costumam combinar perfeitamente. Sendo assim, a comida da região de Abruzzo casa perfeitamente com os vinhos do local. Por exemplo, podemos combinar pizza bolonhesa e molhos à base de molho de tomate. Além disso, massas com bastante queijo também são perfeitas para um Montepulciano, como queijo de cabra ou até costela de cordeiro.
Ainda mais, é bem provável que você se apaixone ao provar um vinho da região com uma maravilhosa lasanha ao molho bolonhesa. Mas, o resultado é tão bom quanto com queijos fortes ou risoto de cogumelos.
Como a acidez atua no paladar
A acidez é um aspecto importante e deve ser levada em conta na hora de escolher com o que harmonizar um vinho. De fato, ela pode destacar alguns sabores no paladar durante uma refeição. Enquanto sabores mais untuosos e ricos preenchem o paladar, o vinho com sua acidez pode cortar toda essa complexidade, limpando o paladar para a próxima garfada. Aliás, é isso que os taninos também fazem, ajudando a preparar a boca a cada gole.
Melhores pratos para um Montepulciano d’Abruzzo
A melhor forma de aproveitar um vinho Montepulciano d’Abruzzo é com um preparo bem saboroso e com aquele tipo de comida que parece caseira, mas não é. Por exemplo, hamburguer, molho à bolonhesa, ragu de carne e pizzas com bastante bacon e calabresa ou frango.
Além disso, se os pratos forem temperados com alecrim, manjericão ou sálvia, vão destacar os aromas terrosos e herbais do vinho. Mas, não é só de proteínas que seu jantar pode ser feito. Ele também completa lindamente refeições vegetarianas.
Um bom exemplo, é um prato à base de vegetais assados como batatas, cogumelos, beterrabas e tomates recheados. Aliás, lembre-se de regar com azeite e temperar bem os vegetais. Agora, se sua preferência é pelos queijos, escolha um cheddar maduro ou um parmesão curado.
Mas a versatilidade do Montepulciano não para por aí. Ele também pode ser acompanhante de um bom prato asiático. Assim, se o seu preparo for bem temperado com alho, gengibre, molho shoyo e gergelim… par perfeito! Prefere a culinária coreana? Invista num pato Pequim ou até num churrasco coreano, com carne marinada em molho shoyo, pera, alho e pimenta. Aprecie sem moderação.
Pratos que você deve evitar harmonizar com um Montepulciano
Como de costume, os vinhos devem ser escolhidos tendo em mente as características principais dos ingredientes do seu prato, e vice-versa. Nesse caso, o sabor do vinho Montepulciano d’Abruzzo seria pungente demais para pratos sem força, como saladas leves e pratos à base de peixe cru, sem muito tempero.
Comidas muito picantes também não são as mais indicadas para esse vinho, já que a pimenta pode deixar o vinho com sabor amargo na boca e aumentar a sensação de álcool no paladar.
O que podemos te garantir é que esse vinho tem mais do que um grande nome, ele tem também grandes sabores a oferecer. Seja numa refeição com carnes gordas e cheias de complementos ou numa degustação acompanhada de queijos com os amigos, você não vai se esquecer da experiência de provar um bom vinho Montepulciano d’Abruzzo.
Gostou? Compartilhe com esses amigos que vão dividir com você essa agradável tarefa de descobrir um vinho novo.
Aproveite para escolher o que mais agrada seus olhos e se prepare para ser surpreendido no paladar!
⇒ O tinto Montepulciano de Abruzzo
Stardust Edição Limitada Capricornus Montepulciano dAbruzzo DOC 2019:
Elegante, encorpado, persistente, e com taninos maduros; Produtor: Mondo del Vino; Teor alcoólico: 13%; Uva: Montepulciano (vinho varietal); Nariz: Notas intensas de frutas pretas, com notas de especiarias; Harmonização: Costela no bafo, queijo Pecorino, hambúrgueres
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Virgolato DOC Montepulciano DAbruzzo 2021:
Boa acidez, com taninos macios e persistência saborosa; Produtor: Botter S.P.A.; Teor alcoólico: 13%; Uva: Montepulciano (vinho varietal); Nariz: Notas de frutas pretas frescas, toque de especiarias; Harmonização: Carne de panela, carpaccio de mignon, talharim à bolonhesa
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Gianni Masciarelli Montepulciano d’Abruzzo DOC 2017:
Frutado, corpo de leve para médio, boa acidez, taninos presentes; Produtor: Carpineto; Teor alcoólico: 13%; Uva: Montepulciano (vinho varietal); Nariz: Frutas vermelhas maduras; Harmonização: Carnes vermelhas, massas com molhos e queijos amarelos
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San Cetteo Turandot D.O.P. Montepulciano dAbruzzo 2020:
Encorpado e delicado com taninos macios. Harmônico, boa acidez e final persistente; Produtor: Ettore Galasso; Teor alcoólico: 12,5%; Uva: Montepulciano (vinho varietal); Nariz: Frutas vermelhas, morango, cereja; Harmonização: Espaguete à bolonhesa, costela de cordeiro, risoto de legumes, ratatouille, ravióli com parmesão, carnes vermelhas leves
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